sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Prossegue a negociação coletiva 2010



Na tarde desta terça, 23, representantes dos sindicatos integrantes da Federação dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino Privado e Fundações Públicas de Direito Privado e/ou Comunitárias do Estado de Santa Catarina – Fetraesc participaram da segunda da Negociação Coletiva 2010. O encontro, novamente, aconteceu na sede do Sindicato dos Estabelecimentos Privados de Ensino – Sinepe/SC, em Florianópolis.

O presidente do Sinepe/SC, Marcelo Batista de Sousa, começou lembrando que, na reunião anterior, havia feito a proposta de manter a atual Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), por não poder atender as reivindicações dos trabalhadores. “O único assunto para o qual eu tenho as portas fechadas é a Bolsa de Estudos, quanto aos seus critérios de distribuição”, afirmou Sousa. A questão não chegou a ser discutida com profundidade neste encontro.

O assunto mais debatido nesta rodada de negociações foi o piso salarial. “Não assinaremos a Convenção caso não seja assinada uma cláusula sobre o piso”, posicionou-se Valdir Schwengber, secretário de Assuntos Jurídicos, Relações Trabalhistas e Intersindicais da Fetraesc.

O salário mínimo regional de Santa Catarina passou a vigorar no dia 1º de janeiro de 2010. Para os auxiliares em administração escolar (empregados de estabelecimentos de ensino) o piso salarial é de R$ 679. Utilizando o teor habitual de seu discurso, o presidente do Sinepe mostrou sua “bondade”: “gostaríamos de ter um piso de R$ 1 mil, R$ 2 mil, mas simplesmente é algo que não podemos fazer”.

Os sindicalistas da Fetraesc contra-argumentaram, mostrando que o reajuste proposto pelo sistema privado de Educação é menor que o praticado pelo setor público. “A área pública está melhorando, estamos defasados”, argumentou o adjunto da Secretaria de Organização da Fetraesc, Erivelton Konfidera.

Na defesa do setor privado, o presidente Marcelo Sousa qualificou o governo como mau pagador. Para os representantes da Fetraesc, isso deixou claro que as instituições particulares de ensino, portanto, hoje estão pagando pior do que o “mau pagador”. Além disso, índices maiores de reajuste melhorariam muito a imagem do setor privado, além de trazer melhores condições de trabalho para os profissionais da educação.





Vencido pela argumentação dos trabalhadores, o representante da classe patronal simplesmente rebateu: “meus senhores, está na hora de optar quem quer trabalhar no setor privado ou no setor público”. Depois disso, como não poderia deixar de ser, novamente superou-se com suas pérolas, citando exemplos que assistiu nos programas globais Domingão do Faustão e Caldeirão do Huck para defender a classe empresarial.

Os sindicalistas demonstraram com números que o setor da Educação em Santa Catarina havia terminado o ano de 2009 muito melhor do que começou. Afinal, dados do Ministério da Educação apontam que a Educação Fundamental obteve um crescimento de 15,25% no Estado durante o ano passado. O representante dos empregadores, por sua vez, limitou-se a esbravejar: “estes índices podem ser dos quintos-de-não-sei-onde, mas estão furados”. A adjunta da Secretaria de Comunicação da Fetraesc, Roberta Peinador, simplesmente questionou a reação de Sousa: “mas não são as próprias escolas que enviam estes dados ao Ministério? As escolas, então, estariam mentindo?”.



A coordenadora geral da Fetraesc, Adércia Hostin, abordou a questão da saúde do trabalhador, que frequentemente resulta em sobrecargas e afastamentos do profissional. A partir deste tema, entraram em discussão as novas tecnologias que estão sendo incorporadas à Educação.

Com a informatização, professores estão sendo coagidos a exercerem funções como webdesigner, digitador e até mesmo repórter, quando são obrigados a postar matérias nos sites das escolas. De acordo com os dirigentes da Fetraesc, as tecnologias podem, sim, ajudar o aprimoramento dos processos, mas não devem trazer aumento no trabalho dos educadores.

Neste sentido, Roberta Peinador chama a atenção para algo importante. “Hora-atividade é diferente de hora-tecnológica. Esta discussão precisa ser atualizada”. Os outros dirigentes reforçaram a argumentação, ressaltando que, para exercer o seu trabalho, o professor hoje precisa adquirir equipamentos de informática e conexão à Internet. E as escolas não pagam nada por isso.

Ao final, o presidente do Sinepe/SC expressou a posição definida em assembleia com os estabelecimentos de ensino: não existe possibilidade de ganho real. “O copo está meio vazio e os senhores querem enxergar que ele está meio cheio”, afirmou.

Fonte: Fetraesc

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